sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

TAEKWONDO



Taekwondo (em coreano태권도AFI[tʰɛk͈wʌndo]) , também grafado tae kwon do,[1] ou TKD, pronunciado "Tê quón dô", é uma arte marcial que originou um esporte de combate. Hoje em dia, é um desporto difundido em todos os continentes.
O nome "taekwondo" se origina da fusão de três palavras coreanasː Tae (Pés), kwon (mãos) e Do (espírito/caminho). Em sentido global, taekwondo indica a técnica de combate sem armas para defesa pessoal, envolvendo destreza no emprego das mãos e punhos, de pontapés voadores, de esquivas e intercepções de golpes com as mãos, braços ou pés, para a rápida destruição do oponente. Hoje em dia, o taekwondo tornou-se olímpico, e, em muitas academias, pratica-se o taekwondo olímpico. Basicamente, é um desporto de chutes com muita explosão. Mais precisamente, 30% de socos e 70% de chutes.

Nos Estados Unidos, país onde o caratê era a arte marcial predominante nos anos 1980 e 1990, o taekwondo foi, por muito tempo, "erroneamente" chamado de "caratê coreano". As artes marciais coreanas vêm se desenvolvendo ao longo dos anos, mostrando que a Ásia não se limita apenas ao Japão ou à China. O taekwondo é bem mais que medalhas, títulos ou promoções dadas aos vencedores de "competições" por aí afora. O taekwondo é a capacidade de vencer uma dificuldade pessoal, é desenvolver outras áreas da vida pessoal por meio da ética empregada no treinamento do taekwondo.
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1988, teve seu "batismo de fogo", quando foi um desporto de exibição, continuando com este status nos Jogos Olímpicos de Verão de 1992. Em 1993, o desporto foi adicionado ao programa olímpico oficial, integrando o programa a partir dos Jogos Olímpicos de 2000.[2]

História do Taekwondo[editar | editar código-fonte]

A mais popular das antigas artes marciais coreanas era o Taekkyeon, um dos segmentos do Soo bahk do. Apesar da rica história em artes marciais, as artes marciais coreanas desapareceram na obscuridade durante o final da Dinastia Joseon. A sociedade coreana tornou-se altamente centralizada e as artes marciais passaram a ser mal-vistas em uma sociedade cujos ideais eram simbolizados por seus reis-eruditos.[3] Durante seu reinado, Joseon consolidou o seu domínio absoluto sobre a Coreia, incentivou o fortalecimento dos ideais e doutrinas confucionistas na sociedade coreana e importou e adaptou a cultura da China. No entanto, a dinastia foi severamente enfraquecida durante o final do Século XVI e início do Século XVII, quando as invasões pelos vizinhos Japão e Dinastia Qing ultrapassaram a península, levando a uma política cada vez mais dura de isolamento, pelo qual a Coreia se tornou conhecido como o Reino Eremita. No entanto, o Taekkyeon persistiu até final do Século XIX.[4]

A arte marcial coreana surgiu como forma de renascimento depois dos conflitos e período de Ocupação japonesa da Coreia (1910-1945), quando houve supressão sistemática da cultura da Coreia.[5] Foi neste período que o Taekkyeon ganhou um grande impulso e teve desenvolvimento expressivo, tornando-se um dos requisitos para ingressar na vida militar. Nesta época, os progenitores do taekwondo foram enviados ao Japão, sendo expostos às artes marciais japonesas,[6] enquanto outros foram enviados para a China e Manchúria.[7][8][9][10] Quando a ocupação terminou em 1945, as escolas de artes marciais (Kwans) começaram a abrir na Coreia.[7][11] Existem diferentes pontos de vista sobre as origens do Taekwondo. Alguns pesquisadores acreditam que o taekwondo foi inteiramente baseado no caratê,[12][13][14] pois possui técnicas e posturas que são idênticas às do caratê. Alguns acreditam que o taekwondo foi baseado em antigas artes marciais coreanas: Taekkyeon e Soo bahk do,[10][15][16][17][18] ou foi resultado da fusão entre artes marciais coreanas e estrangeiras.[7][19][20][21][22][23] O Taekwondo originou da fusão de três estilos de caratê: o Shotokan, o Shudokan e o Shito-ryu. Durante a invasão da Coreia pelo Japão, os jovens ricos coreanos eram mandados para o Japão e, lá, aprenderam as artes marciais japonesas. Retornando, criaram os Kwans, mudaram os nomes, acrescentaram uma ou outra técnica e criaram o Taekwondo e as outras artes marciais coreanas.[4]

Em Portugal[editar | editar código-fonte]

Taekwondo foi introduzido em Portugal em 1974 pelo Sporting Clube de Portugal, tendo sido nomeado oficialmente pela World Taekwondo Federation o Grão-Mestre Chung Sun Yong, actualmente 9º DAN, primeiro Dojang de Taekwondo em Portugal.
Em 1978, foram formados os dois primeiros cintos negros portugueses, Nelson Costa actualmente 7º Dan em exercício no Sporting Clube Portugal e que implementou o Taekwondo na região sul do Tejo de Portugal e António Diogo que foi viver nos Estados Unidos América, não se conhecendo mais do seu paradeiro na modalidade. Em 1980 são efetuados os segundos exames de cintos negros em que são graduados alguns dos praticantes mais carismáticos do Taekwondo português entre eles Pedro Pereira, Alfredo Alcobaça, João Germano, João Loio, Fernando Loio, Rui Lacerda, Rui Moutinho. Desde então foram formados em Portugal um número considerável de Cintos Negros. Portugal conta ainda com três participações em Jogos Olímpicos de Verão, Pedro Póvoa nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 (China), classificou-se em 7º lugar na categoria de menos de 58 kg,[24] Rui Bragança que participou na mesma categoria de peso (menos de 58 quilogramas), foi o primeiro português a ganhar um combate nos Jogos Olímpicos, mas não chegou o esforço e acabou por perder com o dominicano Luisito Pie por 4-1 nos quartos de final classificando-se em 9º lugar nos Jogos Olimpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro,[25] Rui Bragança que em 2015 venceu os Jogos Europeus em Baku (Azerbeijão) na mesma categoria de peso.[26] Hélder Gomes nos Jogos Surdolímpicos de Taipé(China2009, classificou-se em terceiro lugar conseguindo assim o bronze para Portugal (estes jogos são dedicados aos atletas surdos e surdos-mudos)[27]

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Taekwondo do Brasil
No Brasil, em Agosto de 1970 em São Paulo, trazido pelo grão-mestre Sang Min Cho, enviado oficialmente pela World Taekwondo Federation, com a fundação da Academia Liberdade de Taekwondo. Posteriormente vieram os mestres: Sang In Kim, Kun Mo Bang, Kum Joon Kwon, Woo Jae Lee, Kwang Soo Shin, Hee Song Kim, Yeong Hwan Park, Soon Myong Choi, Ju Yol Oh, Te Bo Lee, Hong Soon Kyang, Sung Jang Hong, Yong Min Kim entre outros, também se estabeleceram no Brasil, proporcionando um desenvolvimento maior da arte.

Natália Falavigna, uma das maiores e mais vitoriosas lutadoras de artes marciais do mundo, é a brasileira com maior número de medalhas internacionais no taekwondo em toda história, única atleta no Brasil campeã mundial de taekwondo nas categorias júnior, adulta e universitária. Atualmente, o taekwondo é uma arte marcial muito praticada em vários locais do Brasil.

Uniforme e equipamento de luta[editar | editar código-fonte]

Em campeonatos de lutas, os atletas deste desporto devem utilizar equipamentos de proteção com o objetivo de não ocorrer ferimentos em função dos golpes e diminuir o impacto por eles causado. Os equipamentos de proteção servem para proteger a cabeça, o tórax, região genital, pernas, braços e mãos. A vestimenta ou uniforme usado, geralmente na cor branca de acordo com as regras da federação responsável, chama-se Dobok.





Federações[editar | editar código-fonte]

International Taekwondo Federation (ITF)[editar | editar código-fonte]

Federação de Taekwon-do criada na Coreia do Norte pelo general Choi Hong Hi.

World Taekwondo Federation (WTF)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: World Taekwondo Federation
Sua sede, Kukkiwon - World Tae Kwon Do Headquarters, foi criada pelo governo da Coreia do Sul.

Songahm Taekwondo Federation (STF)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Taekwondo songahm
Criada pelo grão-mestre Haeng Ung Lee em 1983. Diferencia-se de outros estilos por incorporar treinamentos mais amplos, como defesa pessoal, armas, rupturas de madeira e programas especiais de acordo com cada praticante. Nas aulas, para além da luta competitiva, há treinos de defesa pessoal, projecções, torções e imobilizações. Para os cintos pretos, existe ainda a possibilidade de complemento dos conhecimentos com a aprendizagem do manuseamento de armas orientais. Dentre as armas treinadas no estilo, podem-se citar a catana, nunchaku, bastão (longo ou curto), tonfa (o popular cassetete), facas, kama, entre outras.

Jwa Wooyang Woo Taekwondo (JTF)[editar | editar código-fonte]

Criada pelo grão-mestre Clóvis Nunes Ribeiro em 1991.
- Grão-Mestre Clóvis Nunes Ribeiro, brasileiro, casado, policial militar (12º BPM) e instrutor de taekwondo JTF e Hapkido, natural da cidade de Cachoeira do Sul/RS, reside atualmente na cidade de Balneário Camboriú/SC. Mestre em artes marciais, tendo experiência em vários estilos, resolveu fundar um estilo arrojado e moderno, que não perdesse a filosofia básica de toda a arte marcial. Começou no ano de 1991 na sua cidade natal a implantar em sua associação o taekwondo jwa woohyang woo.
- Fundada em 15 de Janeiro de 1993
- Registrada em Catório nº 3271, folha 159, livro A-15.

American Traditional Taekwondo Association (ATTA)[editar | editar código-fonte]

Criado pelo Grão - Mestre Jee Ho Lee, coreano radicado no EUA no ano de 1989, professa um estilo de Taekwondo chamado Hangil, tendo como seu maior representante e Presidente o Mestre Faixa Preta 8º Dan Agustin Garay Ramirez, na cidade de Lambaré- Paraguay. Este estilo está presente nos Estados Unidos; Paraguay, Argentina, Uruguay Com Professor Gabriel Garay, Itália com Professor 5º Dan Daniel Sanchez; França e Alemanha.

Faixas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Geup
A caminhada do praticante de taekwondo é dividida inicialmente em gub e, em seguida, em dans.
Cada gub corresponde a uma faixa colorida, existindo dez ou nove gubs em ordem decrescente. Quanto menor o gub, maior será o seu desenvolvimento técnico. Cada faixa colorida tem sua simbolização e significado:
  • Branca- Significa inocência, para um estudante iniciante que não possui conhecimento anterior sobre o Taekwondo.
  • Amarela - Significa a Terra da qual uma planta brota e começa a germinar, enquanto o alicerce do Taekwondo está sendo construído.
  • Verde - Significa o crescimento da planta, enquanto as habilidades do Taekwondo estão se desenvolvendo.
  • Azul - Significa o Céu, através do qual a planta cresce até tornar-se uma árvore frondosa, enquanto o treinamento de Taekwondo progride.
  • Vermelha - Significa perigo, advertindo o estudante para exercitar o controle e alertando o adversário para ficar longe.
  • Preta - Ao contrário da branca, significa maturidade e habilidade no Taekwondo. Também indica a imunidade à obscuridade e ao medo.
As cores mencionadas acima não foram escolhidas arbitrariamente. São, de fato, baseadas na tradição. As pretas, vermelhas e azuis denotam os vários níveis de hierarquias durante as dinastias Koguryo e Silla. Outra nomenclatura é usada para o faixa-preta júnior com até quinze anos de idade, chamada de "poom", vai do momento em que pega a faixa-preta pela primeira vez e é trocada de ano em ano (começa no primeiro e vai até o terceiro), se o faixa-preta júnior chegar ao terceiro poom com doze anos (por exemplo) terá de esperar até aos quinze anos, para assim pegar o segundo dan e seguir como faixa-preta "normal". Só foram criados três níveis para isso já que é bem difícil de um taekwondista chegar na faixa preta aos doze anos e assim, como troca apenas de ano em ano, não fica com o terceiro poom por mais de um ano.
PRETA - 1ºDan/10ºDan "Sabedoria e conhecimento" - o universo
  • É o oposto ao branco, o alcance da maturidade e do conhecimento, é o crescimento intelectual e espiritual do aluno, é a consciência de que o Taekwondo é muito mais do que uma simples luta, se confunde com a sua própria vida através de seus princípios e atitudes.
A caminhada do praticante dentro do taekwondo é divida inicialmente em Gubs e em seguida em Dans. Cada Gub corresponde a uma faixa colorida que o taekwondista amarra na cintura, por sobre o dobok, a vestimenta característica dessa arte marcial.
  • A partir daí, o praticante chega aos Dans, cujos sinais exteriores limitam-se à presença não-obrigatória de pequenos traços perpendiculares na faixa preta, indicando 1º Dan, 2º Dan etc., até o póstumo 10º Dan, que só é concedido ao 9º Dan que morre.
Cada dan corresponde a uma graduação da faixa preta. Existem dez dans, em ordem crescente, onde o décimo Dan é vitalício e só uma pessoa pode possuir. Quanto maior o dan, maior será seu desenvolvimento dos conhecimentos e aprimoramentos da arte. A cor preta simboliza dignidade, dedicação, postura e liderança.
Ti é a faixa que o praticante de taekwondo amarra na cintura por sobre o dobok, a vestimenta característica dessa arte marcial.
Podendo variar as cores de acordo com as federações.
No estilo WTF, os níveis de aprendizado são classificados por faixas coloridas correlacionadas a gubs:
  • Branca - 10º Gub
  • Cinza - 9º Gub
  • Amarela - 8° Gub
  • Laranja - 7º Gub
  • Verde - 6º Gub
  • Roxa - 5º Gub
  • Azul - 4º Gub
  • Marron- 3º Gub
  • Vermelha - 2º Gub
  • Vermelha ponta preta - 1º Gub
  • Preto - 1º Dan (graduações de faixas pretas vão do 1º ao 10º Dan)

Combates[editar | editar código-fonte]

Equipe de Taekwondo das Forças Armadas dos Estados Unidos durante um combate.

Desporto Olímpico (World Taekwondo Federation)[editar | editar código-fonte]

De forma a tornar o desporto mais apelativo e diminuir o número de discussões houve necessidade de adaptar o desporto à era moderna e criou-se um sistema electrónico de pontos, que detecta o pontapé por contacto e pressão nas áreas pontuáveis: colete e capacete.[28] Os combates oficias realizam-se em àreas de 8m x 8m, em três rounds de dois minutos com um minuto de pausa entre eles. Em caso de empate no final do 3º round, realiza-se um 4º round de dois minutos de morte súbita.[29]

Sistema de pontos[editar | editar código-fonte]

(a partir de 24 de Junho de 2017 - [1] )
  • 1 ponto por ataque válido ao colete com o punho;
  • 2 ponto por ataque válido ao colete com o pé;
  • 3 pontos por ataque válido rotativo ao colete com o pé;
  • 3 pontos por ataque válido à cabeça com o pé;
  • 4 pontos por ataque válido rotativo à cabeça com o pé;
  • 1 ponto por cada falta Gam-jeom cometida pelo adversário.
Londres 2012
Sendo que os pontos rotativos têm de ser confirmados pelos Árbitros de canto. Para além do sistema de eletrônico, nos últimos jogos olímpicos também foi introduzido o sistema de visionamento de IVR (Instant Video Replay), que pode ser pedido pelo treinador que acompanha o atleta para confirmar pontos ou outras ocorrências, sendo que no caso de a mesa não confirmar o pedido do treinador, este deixa de poder voltar a pedir o IVR.

Condições de vitória[editar | editar código-fonte]

  1. Por nocaute (KO);
  2. O Árbitro para o combate (RSC);
  3. Resultado final (PTF);
  4. Margem de pontos (PTG): no final do segundo round ou a qualquer altura no round final;
  5. Morte Súbita (SDP);
  6. Superioridade (SUP);
  7. Desistência (WDR)
  8. Desqualificação (DSQ);
  9. Decisão punitiva do Árbitro central (PUN).

Categorias de peso Olímpico[editar | editar código-fonte]

Para homens: Abaixo dos 58 quilogramas / Abaixo dos 68 quilogramas / Abaixo dos 80 quilogramas / Acima dos 80 quilogramas;
Para mulheres: Abaixo dos 49 quilogramas/ Abaixo dos 57 quilogramas / Abaixo dos 67 quilogramas / Acima dos 67 quilogramas.

WTF[editar | editar código-fonte]

O chute na cabeça é permitido. A luta ocorre em três rounds e em caso de empate há um quarto round, onde quem marca o primeiro ponto ganha. Caso haja um novo empate,o arbitro decide quem ganha.
ATA
O combate tem dois minutos ou 5 pontos máximos. O primeiro a ser atingido marca o final do combate. Quem atingir 5 pontos vence ou, ao chegar aos 2 minutos, ganha quem tiver obtido mais pontos.
Sistema de Pontos:
- 1 ponto por ataque válido ao colete com o punho;
- 2 pontos por ataque válido ao colete com o peito do pé;
- 3 pontos por ataque giratório válido ao colete com o peito do pé;
- 3 pontos por ataque válido à cabeça com o pé;
- 4 pontos por ataque giratório válido à cabeça com o pé;
Advertências:
Advertências são avisos feitos pelo árbitro a um dos competidores caso ele faça ações não permitidas.
- Golpes com punho só podem ser direcionados ao colete, nunca à cabeça;
- Golpes e pontapés só podem ser dados acima da faixa, nunca abaixo.
- Todas as faltas serão computadas 1 ponto para o adversário de quem comete a infração.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

BOXE


boxe ou pugilismo é um esporte de combate, no qual os lutadores usam apenas os punhos, tanto para a defesa, quanto para o ataque. A palavra deriva do inglês box, ou pugilismo (bater com os punhos), expressão utilizada na Inglaterra entre 1000 e 1850.

História do boxe[editar | editar código-fonte]

Jovens lutam boxe. Afresco da Civilização Minoica, em AcrotíriSantorini, cerca de 1500 a.C.
A prática do pugilato na Grécia Antiga remonta ao século VIII a.C.. Apenas se poderia atacar com os punhos e os concorrentes envolviam os dedos com tiras de couro. Não existiam assaltos nem categorias baseadas no peso dos atletas. O jogo terminava quando um dos atletas ficava inconsciente ou colocava um dedo no ar em sinal de desistência.
pancrácio era uma combinação da luta e do pugilato, sendo o seu resultado uma prova extremamente violenta, cujos concorrentes poderiam mesmo vir a morrer. Tudo era permitido, com exceção de enfiar dedos nos olhos, atacar a região genital, arranhar ou morder. A vitória ocorria quando um dos atletas já não conseguia continuar a lutar, levantando um dedo para que o juiz percebesse.
Remontando aos séculos XVIII e XIX, quando de seu nascimento na Inglaterra, o boxe era praticado com as mãos nuas. Essas lutas com as mãos descobertas eram frequentemente brutais, de modo que o boxe acabou sofrendo intensas mudanças em 1867, com a formulação das Regras de Queensberry, que previam rounds de três minutos, separados por um intervalo de um minuto, além do uso obrigatório das luvas. Essas regras entraram em vigor em 1872.
O boxe foi primeiramente considerado um desporto olímpico em 688 a.C., na 23ª olimpíada da antiguidade; seu vencedor foi Onomasto de Esmirna, que foi quem definiu as regras do esporte.[1] Posteriormente, quando houve o ressurgimento dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, nas Olimpíadas de 1896, em Atenas, o boxe não foi incluído como uma das modalidades da competição.[2] O boxe então somente retornou nas Olimpíadas de 1904, a terceira da Era Moderna, em St. Louis, e desde então foi praticado em todas suas edições posteriores, com exceção às Olimpíadas de 1912, em Estocolmo.

História do boxe no Brasil[editar | editar código-fonte]

No início do século XX, o boxe era praticamente desconhecido no Brasil. Os poucos praticantes existentes na época, eram emigrantes alemães e italianos, localizados nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo.

A primeira luta realizada no Brasil foi em 1913, na cidade de São Paulo, entre um pequeno ex-boxeador profissional que fazia parte de uma companhia de ópera francesa e o atleta Luis Sucupira, conhecido como o Apolo Brasileiro, em razão de seu físico avantajado. Embora surrado, Apolo reconheceu que a técnica pode superar a força e tornou-se um grande entusiasta do boxe e seu primeiro grande divulgador.
Apesar de Apolo ter começado a divulgar o boxe, em 1919 através do marinheiro Góes Neto, que havia aprendido técnicas de boxe na Europa, que o esporte foi divulgado de verdade e reconhecido. Após retornar de viagem ao Brasil, Góes Neto resolveu fazer algumas exibições no Rio de Janeiro, onde, o sobrinho do Presidente da República, Rodrigues Alves, se apaixonou pelo boxe. Com o apoio de Rodrigues Alves, a difusão do boxe ficou mais fácil. Neste período, foram criadas academias e não demorou muito para o boxe ser um esporte regulamentado, com a criação das "comissões municipais de boxe" em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Isso tudo entre os anos de 1920 e 1921.

Ditão – O primeiro pugilista brasileiro[editar | editar código-fonte]

Em 1922 o Brasil teve seu primeiro pugilista a ganhar destaque. Benedito dos Santos, conhecido como Ditão, começou a treinar boxe numa academia de São Paulo. Era um negro de porte gigantesco com enorme talento para o boxe e detentor de um direto potente.
No início de 1923 estreando como profissional, derrotou sem nenhuma dificuldade seus três primeiros adversários, todos no primeiro round.
O destaque do pugilista logo despertou o assédio dos empresários. Foi então organizada uma luta entre Ditão e o campeão europeu Hermínio Spalla, pugilista italiano que tinha um cartel com mais de 60 lutas. Ditão começou o combate derrubando Spalla no primeiro round, porém, o campeão europeu massacrou o lutador brasileiro no decorrer da luta e Ditão além de ter sido derrotado acabou sofrendo um derrame, do qual encerrou a sua carreira para o resto de sua vida.
Com este episódio, o boxe brasileiro foi duramente criticado e passou a ser proibido até meados de 1925.

O clube Espéria[editar | editar código-fonte]

Com a revogação da proibição do boxe no Brasil, o primeiro clube a receber lutas de boxe foi o Espéria, na cidade de São Paulo. Começava a primeira época áurea do boxe no país, tendo inclusive a criação de uma espécie de ranking, algo até então inexistente, e uma nova cultura de treinos. Eis que surgem os primeiros grandes treinadores de boxe brasileiro, Batista Bertagnolli e Celestino Caversazio. No Espéria, organizaram uma escola de formação, que traria grandes consagrações para o esporte nos anos seguintes.

A profissionalização do boxe brasileiro[editar | editar código-fonte]

Com a revolução de 1932, conhecida como “A Revolução de 32”, tudo havia ficado paralisado. O acontecimento marcante desse período foi a criação das federações de boxe regionais, das quais, se deu condições aos boxeadores profissionais brasileiros disputarem oficialmente títulos internacionais e aos amadores poderem participar de torneios e campeonatos estrangeiros.
Em 1933, o Brasil, pela primeira vez, participou de um campeonato internacional, o Sul-Americano de Boxe Amador, realizado na Argentina. A seleção brasileira era composta apenas de cariocas, pois, somente no Rio de Janeiro, o boxe era legalizado através de federação. Na década de 1930, surgiram alguns lutadores de destaque, entre eles, Ítalo Hugo, chamado de “Menino de Ouro”.

Década de 1940 – o ginásio do Pacaembu[editar | editar código-fonte]

Criado em 1940, o ginásio do Pacaembu foi palco de grandes lutas. Pela primeira vez, podiam-se ver lutas de brasileiros com nível verdadeiramente internacional. Os mais destacados deles foram: Atílio Lofredo e Antônio Zumbano ("Zumbanão"), como era conhecido.
Zumbanão foi o primeiro grande astro do boxe brasileiro, imperando absoluto por um longo período, de 1936 a 1950, no qual realizou cerca de 140 lutas, dos quais metade delas venceu por nocaute. Era um peso médio de grande poder de punch e capacidade de esquiva, arrastava multidões ao ginásio do Pacaembu por ser um ídolo.

Década de 1950 – O grande momento do boxe brasileiro[editar | editar código-fonte]

A década de 1950 foi marcada pelo importante crescimento popular do boxe e por revelar grandes boxeadores. Entre eles, nomes como o de Kaled Curi, Luisão, Ralf Zumbano e o grande Éder Jofre, o maior boxeador da história do boxe brasileiro.
Nesta época Éder Jofre participou dos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, em 1956, o que fez ele despontar no boxe profissional. Apesar de não trazer nenhuma medalha das olimpíadas, Jofre foi responsável por vários títulos importantes. Destaque para o brasileiro dos pesos-galo, em 1958. Porém, o auge de títulos conquistados por Éder Jofre seria na década de 1960 que é para onde vamos viajar no próximo capítulo.

Décadas de 1960 e 1970 – A lenda Éder Jofre[editar | editar código-fonte]

Depois de conseguir ficar entre os dez primeiros colocados do ranking da antiga NBA, atual Associação Mundial de Boxe (WBA), em 1960, Éder Jofre teve a oportunidade de disputar o título mundial contra o mexicano Eloy Sanchez. Sagrou-se campeão mundial e mais adiante, em 1962, Jofre enfrentou o campeão da União Européia de Boxe. A luta valia a liderança do ranking da categoria galo. Éder Jofre derrotou o adversário irlandês, no Ibirapuera, em São Paulo, tornando-se o número 1 da categoria.
Jofre manteve seu cinturão até 1965, quando então foi derrotado duas vezes pelo maior boxeador japonês de todos os tempos, Masahiko “Fighting” Harada, o que fez com que ele se afastasse dos ringues aos 30 anos de idade.
Cinco anos mais tarde, já na década de 1970, Jofre retornou aos ringues, porém, na categoria pena, voltou a ser campeão mundial pelo Conselho Mundial de Boxe em 1973. Despediu-se definitivamente dos ringues em 1976 com um fantástico cartel de 78 lutas e apenas 2 derrotas.
Nos anos 60 e 70, outros lutadores se destacaram. Entre eles o médio-ligeiro Miguel de Oliveira, campeão mundial pelo Conselho Mundial de Boxe em 1975 e o peso Mosca Servílio de Oliveira, um dos poucos boxeadores brasileiros a conquistar uma medalha olímpica, nos Jogos da Cidade do México em 1968.

Década de 1980 – Surge Maguila[editar | editar código-fonte]

No início da década de 1980, pela primeira vez no Brasil, uma rede de Televisão (TV Bandeirantes), por iniciativa de seu diretor de esportes, na época, Luciano do Valle, do qual também atuava como promotor de eventos esportivos, resolveu investir pesado no boxe, transformando-o em um espetáculo de massa.
Com 1,86 metros e cerca de 100 Kg, Maguila foi um dos poucos pesos pesados brasileiros. Tendo enorme carisma aliado à grande valentia, mobilidade e uma direita demolidora que lhe propiciou nada menos do que 78 nocautes em sua carreira de 87 lutas, a maioria contra lutadores europeus, sul-americanos e norte-americanos.
Maguila estreou como profissional em 1983, tendo Ralph Zumbano como técnico e Kaled Curi como empresário. Em 1986, já no auge da fama, assinou contrato com a Luque, empresa do jornalista Luciano do Vale, passando a treinar com Miguel de Oliveira, do qual, alterou profundamente seu estilo de luta e corrigiu seus defeitos de defesa. Como consequência, em 1989, chegou a ser o segundo colocado no ranking do CMB e em rota de colisão com Mike Tyson, na época, o undisputed champion do mundo.  Enfrentou dois dos maiores pesados do século XX, Evander Holyfield e George Foreman. Perdeu as duas lutas e isso lhe tirou não só a chance de disputar o título como praticamente encerrou sua carreira. Em 1995, chegou a campeão mundial pela WBF (Federação Mundial de Boxe), uma associação que ainda não havia conseguido grande respeitabilidade. Com falta de patrocínio, Maguila foi destituído do título por inatividade.

Década de 1990 em diante – Acelino Freitas, o Popó[editar | editar código-fonte]

No final da década de 1990, vindo de uma família pobre da periferia da capital baiana, Acelino Freitas, conhecido como Popó, iniciou sua carreira profissional em 1995, porém, só despontou no cenário internacional em 1999, conquistando o título dos Super-Pena pela WBO.
Em 2002, unificou o título de Super-Pena pela WBA. Em 2004, Popó subiu de categoria, conquistando o título dos Pesos-Leves pela WBO. Em 30 de abril de 2006, após perder o cinturão para o norte-americano Diego Corrales, reconquistou o mesmo título pela WBO dos Pesos-Leves. Em abril de 2007, Popó perdeu sua segunda luta para o norte-americano Juan Diaz.
Encerrou sua carreira vitoriosa, em 28 de abril de 2008. No boxe profissional, conseguiu uma sequência histórica de 29 vitórias seguidas por nocaute. Ao todo, foram 40 lutas com 38 vitórias e apenas duas derrotas.
No boxe amador, Popó teve um cartel de 81 lutas perdendo apenas três vezes.

Golpes[editar | editar código-fonte]

  • JabGolpe frontal com o punho que está a frente na guarda.
  • Direto: Golpe frontal com o punho que está atrás na guarda.
  • Cruzado: Golpe desferido pelo lado para acertar a lateral do oponente.
  • Hook ou gancho: Golpe desferido em movimento curvo do punho
  • Uppercut: golpe desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do oponente.
Exemplo de um gancho de direita.

Nocaute[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Nocaute
O nocaute, ou knockout (KO) na língua inglesa, ocorre quando um dos lutadores aplica um golpe que derruba seu adversário no chão, incapacitando-o de terminar o combate. Caso o lutador esteja visivelmente atordoado pelos golpes do adversário, mas ainda permaneça de pé, o juiz pode interromper a luta, o que configura um nocaute técnico, no inglês technical knockout (TKO).

Golpes baixos[editar | editar código-fonte]

Os golpes baixos são os aplicados abaixo da cintura e não são permitidos no boxe. Se o outro adversário bater em uma dessas partes, o mesmo será advertido e, na reincidência, poderá ser eliminado, a critério do árbitro.
Os golpes permitidos são os aplicados na parte frontal do adversário, como no rosto e no abdome.

Sparring[editar | editar código-fonte]

Sparring é uma simulação de luta entre pugilistas. Muitos lutadores profissionais começam como sparring, antes de se profissionalizarem.
Alguns exemplos de sparrings, que depois vieram a se tornar campeões incluem: Larry Holmes, sparring de Muhammad AliOscar de la Hoya, sparring de Julio Cesar Chávez; e Riddick Bowe, sparring de Evander Holyfield.

Categorias[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Categorias de peso do boxe
Os pugilistas são divididos em categorias, de acordo com seus pesos. Atualmente existem dezessete categorias reconhecidas no boxe profissional e onze no boxe amador.

Entidades responsáveis[editar | editar código-fonte]

Combate de boxe.
As entidades de boxe são as responsáveis pela organização das lutas desde 1910, quando foi criada a União Internacional de Boxe (UIB), em Paris.
Posteriormente, outras entidades surgiram, outras deixaram de existir ou se fundiram a novas entidades, até que nos dias atuais temos em vigor cinco grandes entidades Mundiais:
No Brasil temos em vigor estas grandes entidades:

Campeões do mundo[editar | editar código-fonte]

Os campeões mundiais de boxe remontam até os primórdios de sua criação no século XVIII, na Inglaterra, quando o boxeador James Figg foi reconhecido como o primeiro campeão de boxe.
Os campeões mundiais de boxe moderno foram divididos por categorias de peso, próximo ao final do século XIX, sendo que inicialmente os boxeadores encontravam-se distribuídos em apenas cinco categorias: peso-pesado, peso-médio, peso-leve, peso-pena e peso-galo. Mais tarde, ao longo do tempo, novas categorias de peso foram sendo acrescentadas.
Posteriormente à criação das entidades mundias de boxe, já durante o século XX, os campeões mundiais também passaram a ser divididos por diferentes cinturões mundiais.
O boxe amador é disputado nas Olimpíadas desde 1904, com exceção à de 1912.


Pugilistas famosos[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: International Boxing Hall of Fame
Os maiores boxeadores de todos os tempos estão imortalizados no "Salão da Fama" de duas instituições reconhecidas internacionalmente.
Somente um pugilista brasileiro figura no "Salão da Fama" — Éder Jofre. No entanto, ao longo dos anos, outros pugilistas brasileiros também se tornaram notórios, tais como Servílio de OliveiraJosé Adilson "Maguila" dos SantosMiguel de OliveiraAcelino "Popó" Freitas e Valdemir "Sertão" Pereira.
Portugal teve um pugilista profissional famoso nos anos 20/30 de seu nome José Soares Santa e alcunha de Santa Camarão (o Gigante de Ovar) . Em 1929 perdeu o título europeu para Pierre Charles. Combateu com os campeões Max Baer e Primo Carnera no Madison Square Garden, nos EUA, onde em 1931 chegou a vencer 31 combates seguidos. Ficou imortalizado no filme "Amor no Ringue" (Liebe im Ring), realizado por Reinhold Schuntzel, contracenando numa cena de pugilato com o actor principal, o famoso pugilista alemão Max Schmeling.[3] Outro pugilista profissional de destaque foi Isidro de Pinto de Sã, que emigrou para os EU da América e foi o único português a lutar pela Título Mundial de pesos galos. Fê-lo em Junho de 1926, frente ao italiano Fidel Labarda.[4] Outras figuras de relevo no boxe lusitano foram Belarmino Fragoso, que inspirou a realização do filme Belarmino, de Fernando Lopes [5] e João Miguel (Paquito)[6], que conseguiu o apuramento para os Jogos Olímpicos, atingindo os oitavos de final.[7] Outro nome sonante na modalidade lusa, principalmente como treinador e seleccionador nacional, foi Ricardo Ferraz.